sendo objetivo/manifestando

Foi uma tarde, parece que de primavera, pensei: poesia poemas escrever expressar mostrar rimar blogosfera blogs poetas blogueiros fácil difusão facilidade grátis descompromisso passatempo expressão público subsistência globalização variedade ecleticidade efemeridade tempo espaço pós moderno sofá (estava deitado no sofá) sol (estava quente) poesia fazer poemas e escrever mostrar falar da vida das coisas que acontecem das pessoas como é fácil vai lá e faz não tem grilo podia reunir num livreto divulgar ia empolgar mas pra quê? gosto de livretos e gosto de poesia proporção áurea xerox barato incentivar mostrar só fazer que tal? gostei. Aí pensei que ficar pensando não ia me levar a nenhum lugar (na verdade levou) e escrevi uma convocação, falei da idéia pra algumas pessoas, comecei a juntar os textos, me enrolei um bom tempo com o projeto gráfico/conceito/blablabla e taí.

A idéia era coletar poemas desse pessoal que publica em blogs (ou só escreve, desbaratinadamente), juntar num livreto e distribuir pelo preço do xerox.

Então é isso: poemas (ou não) de poetas (ou não) descompromissados (ou não) que publicam em blogs (ou não).

carlos bauer

Tudo o que é sólido desmancha no ar.

Já dizia um velho barbudo que, a despeito de ter seu pensamento delimitado em livros, foi seguido, admirado, louvado - ó céus! -, e (re)interpretado de diversas maneiras com o passar do tempo. Assim como ele, muitos outros pensadores, filósofos, músicos, escritores, economistas e pessoas comuns - quais seriam as fora do comum? - foram submetidas ao poder da subjetividade humana e interpretadas de diversas maneiras. As artes, a filosofia, a intelectualidade, precisam ser colocados em cheque. O altar em que, outrora, colocaram erroneamente poetas, literatos e outros, precisa ser desfeito. A arte é a vida. Viver é reinterpretar, é expressar, é escrever. A fluidez do pensamento pode ser vista não apenas como uma constante incerteza - apesar de muitas vezes ser - mas também como uma democratização do saber e dos saberes. Nós, poetas - ou não - do cotidiano, criamos poesia pelo msn e não vemos como poderia estar ela abaixo da poesia publicada em livro. Sem hierarquia. Deixemos a hierarquia para a grosseria cotidiana que somos obrigados a suportar; não para o que há de belo e puro. Não vemos necessidade em ser um refinado conhecedor da ortografia e da gramática para se expressar em versos. Não temos preconceito com a rima ou a sua falta, a métrica ou a sua falta, a idéia ou a apropriação. Nossas angústias, temores, amores, paixões e sentimentos se desmancham no ar, e assim sendo, não poderíamos respirar outra coisa que não a poesia e o amor da vida. Buscamos o estado poético, com todos os perigos que ele contém. Sendo assim, me aproprio de Edgar Morin para finalizar este texto/manifesto/expressão; “o amor faz parte da poesia da vida. A poesia faz parte do amor da vida. (...) é preciso assumir o amor.”

marco aurélio de souza

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